A Lebre com Olhos de Âmbar

Elegante, original e brilhante.

Mas uma vez eu aviso, esse post contém spoilers, então se você está a fim de ler esse livro, não leia esse post, vá procurar outro post sem spoilers!

Você tem algum objeto que tem uma história interessante? O nome desse blog é em homenagem a um brinquedinho que eu tive (saiba mais aqui) um flamingo, mas esse brinquedo não teve nada de mais em sua história, ele foi comprado pelo meu pai em 2004 nos dias das crianças e… só!

Quantas vezes você já leu algum livro sobre a história de bonequinhos? Se a resposta foi nenhuma, bem-vindo ao grupo, isso e outras coisas fazem esse livro realmente especial, um livro que conta a trajetória dos netsuquês (pequenos objetos artesanais japoneses) e não só isso ele conta a história da família do autor além de falar sobre a primeira, segunda guerra mundial e a ocupação norte americana no Japão pós-guerra, é, esse livro é um livro completo.

O começo do livro já te surpreende com a árvore genealógica da família do autor, a família Efrussi ou Ephrussi (como é escrito normalmente durante o livro) tem suas origens em Odessa, uma cidadezinha no sul da Rússia, Charles Joachim Ephrussi, que se chamava Chaim (seu nome judaico [sim, os judeus mudavam seus nomes quando eles migravam para a Europa porque os nomes deles não eram “agradáveis aos ouvidos”]) e Belle (que se chamava Balbina) são o começo da família, mas bem longe da história dos netsuquês.

A história dos netsuquês começa com Charles, mas não esse Charles que eu acabei de mencionar acima, esse é outro Charles que é neto do primeiro Charles, sim, esse é um livro complexo e a criatividade para nomes da família Ephrussi só ajuda. Ele tinha uma amante e na época era modinha ter coisas do Japão eeee… Charles encomendou 264 miniaturas japonesas (os netsuquês) até agora eu não sei o porquê de exatamente 264, por que não 200 ou 300 ou 250? Mas deixa pra lá, continuando, ele deu esses netsuquês de presente para o casal que acabara de se casar: Viktor e Emmy (Só que… Do Charles ganhar os netsuquês até ele dar de presente ao casal, haja história, eu acho que são quase ou mais de 100 páginas até isso acontecer).

Atravessando a Primeira Guerra Mundial, a melhor (ou uma das melhores) parte do livro é quando tem o começo da Segunda Guerra Mundial, no qual a poderosa família

Ephrussi (de origem judaica) é expulsa de seu belo palácio e a família acaba se espalhando pelo mundo (México, Inglaterra, Estados Unidos etc.) e me esqueci de mencionar que, o casal Viktor e Emmy além dos três filhos, Elizabeth (avó do autor), Ignace (antigo dono dos netsuquês) e Gisela (que foi morar no México), tinham uma emprega super fiel, Anna.

Anna trabalhava desde sua adolescência (14, eu acho) para Emmy e mesmo quando esta se casou com Viktor, continuou firme, ajudou a cuidar das três crianças e quando o pessoal da SS expulsou o casal do palácio e o mesmo pessoal disse para Anna ter vergonha de trabalhar para judeus e ser proibida de trabalhar para eles; Anna simplesmente continuou no palácio e fez algo incrivelmente incrível: como os oficiais da SS estavam ocupados demais confiscando as obras de arte, móveis e outros objetos de valor do palácio, Anna foi pegando de pouquinho em pouquinho todos os netsuquês.

Quando Elizabeth voltou à mansão (depois da guerra) Anna entregou os netsuquês para ela. Depois disso, Elizabeth mostrou ao seu irmão Ignace os netsuquês e, este pareceu ter tido um surto de nostalgia (já que ele e as duas irmãs brincavam com os netsuquês na infância) e decidiu participar da ocupação norte-americana no Japão, dizendo que iria devolver os netsuquês de volta ao país de origem.

Ignace morreu e os netuquês ganharam um novo dono e novo lar, agora as centenas de mini esculturas foram para as mãos de Edmund de Waal e em vez de ficarem no Japão, foram para a Inglaterra e… Fim!

A lebre com olhos de âmbar não tem lá as melhores qualificações para atrair leitores (uma história de bonequinhos japoneses), mas Edmund me surpreendeu, mostrando que aqueles netsuquês tiveram uma história fantástica, assim como sua família, A lebre com olhos de âmbar é um livro que dá vontade de dá de presente para todo o mundo.

Dados do livro

Título A lebre com olhos de âmbar
Autor Edmund de Waal
Título original The hare with amber eyes
Tradutor Alexandre Barbosa
Editora Intríseca
Páginas 318

Tóquio Ano Zero

Tóquio de um jeito que você nunca leu.

Antes de ler a resenha, saiba que ela está recheada de spoilers.

A história se passa na Tóquio arrasada pela Segunda Guerra Mundial, lá pela década de 40. Um lugar extremamente quente, perigoso, decadente que ao mesmo tempo é um lugar que é repleto de pessoas e que se reconstrói.

O livro também me mostrou como os japoneses não são aquilo que a maioria de nós imagina ser: eles são violentos, nervosos, pervertidos e até engraçados (vai ver foi a guerra e a derrota para os Estados Unidos que os deixaram desse jeito). São educadíssimos (isso eu já sabia) mesmo assim, com várias reverências e quando eles erram fazem vários pedidos de desculpas.

Bem, vamos começar a falar do livro. Apesar de estar escrito “na sinopse do livro” que a história se passa em torno do assassinato de duas mulheres no parque Shiba, a história é sobre várias mulheres – geralmente jovens – mortas.  O detetive Minami é mais que um detetive, é um guerreiro, o cara praticamente não dorme, muito mal come e durante todas as 400 páginas (na verdade 399, para ser mais exato) o detetive toma um só banho – e isso lá pelo final do livro – ele se esforça, viaja e tenta mover terra, céu e mar para descobrir o assassino.

O assassino na verdade é um serial killer REAL, chamado Kodaira Yoshio – é de praxe de David Peace (autor) misturar ficção à realidade – que seduz e estupra diversas mulheres. O livro na verdade fica nisso: a investigação incessante de Minami (e sua rotina melancolicamente monótona) para encontrar provas para incriminar Kodaira. Mas deixe-me fazer uma ressalva: o autor conta essa história de forma pra lá de empolgante, ele usa de vários recursos, um deles irritantemente interessante é o de repetir várias, várias, várias, várias e várias vezes a mesma coisa (de forma consecutiva ou alternada), e tirando a originalidade da história, o livro é muito bom para quem gosta da cultura japonesa, vários nomes, onomatopeias, gírias, estações de trem, hábitos, músicas e até um pequeno mapa de Tóquio na década de 40.

Lembrando que o livro é bem obsceno, tem algumas partes fortes e não acho recomendado para menores de 18 (sério mesmo!). Ver o Japão – uma das nações mais bem estruturadas do mundo – de jeito totalmente destroçado, decadente e principalmente: uma nação em que pela primeira vez na história fora dominada por forças estrangeiras – leia-se Estados Unidos. Ver aquele cenário de guerra me fez imaginar várias vezes o Rio de Janeiro também destroçado, assim como Tóquio, como seria a cidade maravilhosa, nada maravilhosa? Não quero nem imaginar… David Peace também usa uma palavra sensacional: felizardo. Quem sobrevive à guerra é um felizardo não é mesmo? Bem, lendo como as pessoas sofriam depois da guerra com a fome, pobreza e sem uma vida digna para viver me fez pensar bastante se as pessoas “depois da guerra” eram realmente felizardas.

Depois dessa pausa dramática vamos falar do final do livro. O final do livro é surpreendente: a família de Minami morre num bombardeio aéreo, ah, deixe-me abrir um parêntese: Minami tinha uma amante e, infelizmente, ele estava com ela quando o bombardeio começou e matou toda sua família. E parece que depois disso ele… Enlouqueceu! E, terminou trancado numa cela para malucos contando Calmotins (uma espécie de calmante).

Assim como aconteceu na vida real, o primeiro corpo do parque Shiba foi identificado como Midorikawa Ryuko (morta é claro por Kodaira) e o segundo corpo, tanto no livro como na realidade nunca foi identificado. Fora Ryuko, outras vítimas de Kodaira: Kondo Kazuko (22 anos), Matsuhita Yoshio (20), Abe Yoshiko (16) e suspeito de matar: Shinokawa Tatsue (17), Baba Hiroko, Ishikawa Yori e Nakamura Mitsuko. Além de Miyasaki Mitsuko, a primeira mulher morta do livro.

A seguir leia o relato real de Kodaira Yoshio:

“Os espíritos dos mortos dos meus crimes passados

Vêm me assobrar,

E, embora desesperado, passo dias

Esperando pela minha morte

Pensando na bondade que me foi concedida

Até o fim,

E que faz minhas lágrimas rolarem sem parar.

Kodaira Yoshio, 1949.

Realmente foi chocante ler como a capital do Japão foi reduzida a quase pó na Segunda Guerra Mundial, Tóquio, mesmo arrasada e derrotada, ressurge das cinzas e se torna a metrópole mais rica e populosa do mundo, título concedido até os dias de hoje. Lembrando que Tóquio ano zero faz parte da trilogia Tóquio: Tóquio ano zero, Tóquio cidade ocupada e Tóquio recuperada.

Dados do livro

Título Tóquio ano zero
Autor David Peace
Título original Tokyo year zero
Tradutor Luis Reyes Gil
Editora Planeta do Brasil
Páginas 399

Professor Layton and the Last Specter

Game mostra primeira missão de Layton e do garoto Luke

Ricardo Syosi

É muito difícil para uma franquia de sucesso de manter no topo após três games de alta qualidade, mas com pouca inovação.

As aventuras de Hershel Layton chegam ao seu quarto capítulo com a mesma forma de seus antecessores: muitos puzzles, uma história emocionante e uma qualidade impecável. É raro ver games assim, mas quando vemos, tudo o que podemos fazer é aplaudir de pé.

Você sabe o que é uma prequência? A melhor definição possível: é um novo título de uma franquia, mas que precede os anteriores.

The Last Specter narra o primeiro grande caso do nosso querido “gentleman” inglês, no qual ele conhece seu futuro assistente Luke e, com a ajuda de Emmy, tenta salvar a pequena cidade de Misthallery de um gigante espectro. Este é o pano de fundo para fazermos o que há de melhor nas histórias de Layton e companhia: resolver desafios de lógica que exigem criatividade , um bom nível matemático, flexibilidade e muita paciência.

São mais de 150 puzzles para passarmos horas pensando. Além de tudo isso, há vários minigames, como o de encontrar ratinhos ou brincar com um trenzinho. Jogar um ou outro entre os quebra-cabeças da história principal serve não apenas como uma distração, mas também como um desafio à parte.

Fora essas ótimas opções, há o incrível RPG London Life, no qual você tem mais de 100 horas de gameplay ligado aos personagens mais conhecidos da série. Este é um game dentro do game que vale cada minuto e centavo gastos.

A grande sacada da série é que foi feita para DS. Não é um port como vimos em litros por aí, não é um remake. É um game que parece que só poderia funcionar no portátil da Nintendo (e futuramente, na minha opinião, no Wii U). A tela de toque é essencial para interagir com os puzzles, e é muito bacana ser obrigado, de vez em quando, a deixar o DS de ponta cabeça ou distanciá-lo de nossos olhos para entender certos enigmas.

O sistema de tentativa de erro e acerto continua, mesmo sendo algo relativo, já que há jogadores por aí que preferem aceitar seus erros e continuar na história pelo mesmo caminho. O gameplay não possui novidades, mas nada disso afeta a qualidade enigmática do título. Baixar puzzles pelo Wi-Fi Connection só aumenta a longevidade dele.

A Level 5 fez o que poucas empresas conseguiram nos últimos anos: criar um título inovador, que se tornou auto-suficiente e emblemático. São mais de 12 milhões de unidades vendidas ao redor do mundo. Professor Layton And The Last Specter é o ápice da franquia, pois contém tudo o que os seus antecessores possuem, mas vai além com dezenas de extras, um RPG de 100 horas e responde às dúvidas de muitos fãs sobre o relacionamento de Layton com outros personagens. Compra certa! É algo para deixarmos em nossa prateleira para aplaudirmos por muito tempo.

 

Ficha do jogo

Plataforma Nintendo DS
Produção Nintendo
Desenvolvimento Level 5
Gênero Puzzle
Jogador 1
Conectividade Nintendo Wi-Fi Connection
Nota 9.0

Texto originalmente publicado em: Nintendo World, nº 151, pág. 58.

Caninos Brancos

Acho que nunca mais eu vou ver os cães da mesma maneira.

Atenção, antes de ler o texto, saiba que o texto contém spoilers.

 

Quando eu comecei a ler Caninos Brancos, e olhava para trás do livro, não entendia nada. No começo do livro se conta somente sobre a jornada de dois amigos que estavam indo a um forte. Na verdade, das cinco partes do livro, uma parte inteira era só sobre os amigos e sua jornada. Lembrando que a história se passa no Alasca em 1910.

 

Abertura do livro:

Extensos pinhais sombrios derramam-se lugubremente por ambas as margens do rio congelado.

Bill e Henry estão enfrentando o Wild (que nada mais é do que uma região atravessada pelo círculo ártico e imediações, é uma palavra intraduzível nesse caso, wild, na verdade significa selvagem), e são surpreendidos quando uma matilha de lobos atacam seus cães de trenó e acabam matando, um por um.

Já deu para perceber como eu fiquei confuso, já que no final do livro dizia que a história falava sobre um lobinho desde seu nascimento até sua velhice, mas na verdade o que eu encontrava no livro até aquele ponto era só sobre aqueles dois homens e sua jornada.

Mas eu sou muito impaciente. Na segunda parte do livro tudo muda de foco. Depois de comerem os cães e um dos homens, o segundo homem consegue escapar da matilha depois de muito sacrifício e aí que entra o começo da história, depois de 38 páginas!

Na verdade, a mãe do futuro lobinho está nessa alcateia (mesmo sendo ela uma cachorra) e pelo visto ela sempre tinha muita moral, sempre que algum macho chegava perto dela ela cravava seus dentes nos pescoços dos seus queridos companheiros. História vai, história vem, ela acaba acasalando com um dos lobos chamado Caolho e aí sim Caninos Brancos nasce de verdade, isso só acontece no capítulo 2, O ninho, da segunda parte, na página 50, mas o livro fala do lobinho principal, no capítulo seguinte e é aí que consigo entender as coisas (sim, meu raciocínio é lento), na verdade a história dos amigos só foi, como posso dizer… Um prefácio! Não serviu para muita coisa na história.

Caninos é um cão-lobo que fica em sua caverna, enquanto seu pai, Caolho, vai caçar, um péssimo dia seu pai é morto, então sua mãe sai para caçar enquanto ele fica na caverna sozinho, mas ele está crescendo e um dia resolve sair e começa se dando mal, ele acaba descendo barranco abaixo sem controle e assim que desce já descobri um mundo de coisas.

Fique me perguntando se nunca mais ele ia ver sua mãe novamente, mas ele viu sim! Durante uma luta com uma doninha sua mãe aparece para ajudá-lo.

Gostava do relacionamento da mãe com seu filhote, ela sempre o protegia, Caninos era um lobo, mas também tinha seu lado cão, um lado brincalhão e inocente.

Mas tudo muda de novo. A mãe de Caninos se chama Kiche, uma cachorra (é a mesma que dava dentadas nos lobos que chegam perto dela), que já foi domesticada pelos índios e por coincidência se encontra com os seu antigo dono. Então Caninos começa um longo e doloroso processo de domesticação e frieza.

No acampamento indígena, sua mãe vivia presa numa madeira enquanto Caninos vivia solto, mas aqui está o começo da frieza de Caninos: Lip-Lip, esse maldito cachorro vivia dando surras no pobre do lobinho, às vezes, ele traiçoeiramente levava Lip-Lip até sua mãe e, Kichie, que dava algumas mordidas como recompensa no cachorro que vivia em fazer a vida de Caninos um inferno. Mas, um dia sua mãe é levada por um dos índios para um lugar desconhecido, era o fim da proteção de Caninos, Lip-Lip fazia a festa com ele o maltratando até ele dizer chega! É aí que Caninos fica fechado, sóbrio, distante.

Seu dono, Castor Pardo, não fazia muita coisa quando Lip-Lip batia em Caninos, na verdade Castor Pardo se limitava a lhe dar comida, nada muito íntimo e carinhoso. Caninos se torna um monstro, ele cresce, e se torna forte e poderoso.

A história te comove em vários sentidos, você se sente preso à história, torcendo para que o lobinho se dê bem. Primeiro a troca de donos (ou deuses como o livro chama os seres humanos [por terem poder o suficiente para mudar o futuro dos cães]), no meio da história aparece o pior personagem do livro, Beauty Smith, beauty significa beleza em inglês, (o que é uma tremenda ironia ao personagem já que o livro o descreve como uma pessoa horrível de feia), Smith tem um estranho interesse por Caninos, primeiro ele oferece um dinheiro para Castor Pardo, que recusa a oferta, então ele astuciosamente começa a frequentar a casa do índio (tentando conquistar sua confiança), então ele põe em prática seu pano, fazer o índio se tornar alcoólico.

Castor Pardo empobrece em pouco tempo e, ao invés de, Smith comprar o cão-lobo com dinheiro, o compra com uma garrafa de bebida. Mas Smith não é bom. E Caninos mesmo sem cair ainda em suas garras, já sabia disso. Depois de fugir da casa de Beauty duas vezes, é na terceira vez que Caninos sofre para valer. Ele vira um cão de luta. E se torna um cão extremamente selvagem e de caráter áspero.

Caninos enfrenta inúmeros inimigos perigosos, ele sempre se saía melhor em todas as lutas, mas essa série de vitórias acaba com um buldogue estranho. Cherokee é o nome do cachorro, ele era desajeitado, meio lento e desengonçado, uma presa fácil para ele. Nem tanto. Cada vez que Caninos dava um golpe em Cherokee, o cachorro se erguia e simplesmente continuava a briga, nunca parava. A briga terminou com o buldogue com a boca encravada no pescoço de Caninos, e o pior, Cherokee nunca largava o pescoço de Caninos, o lobo o jogava de um lado para o outro, Cherokee mantéu o corpo mole, mas a boca estava lá, sempre cravada no pescoço do lobinho (que agora não era tão “inho”), era o fim de Caninos Brancos.

Até que Weedom Scott e Matt chegam para salvar a vida do lobo. O buldogue é retirado por um dos homens com uma arma e leva Caninos embora, Beauty Smith chia e leva um soco no rosto. Covarde como Smith era, não encarou o homem que levava seu lobo por 150 dólares.

Scott cuidou do cão-lobo como um pai, lhe dava comida, o acariciava, lhe abrigou. Caninos como não sabia emitir outro som sem ser o rosnido, rosnava, mas com uma “nota” diferente. Mas não pense que foi assim tão rapidinho, foi um longo processo até que Caninos se abrisse totalmente ao seu dono. Scott leva caninos do norte (lugar onde o lobo sempre vivera) e o leva para uma grande fazenda na Califórnia. É nesse lugar que Caninos começa a se civilizar, se apaixona por uma cachorra chamada Colie, não mata mais os pequenos animais e pelas primeiras vezes o lobinho late (sim, acredite, ele não sabia latir, só rosnar).

Enquanto eu lia o livro, pensei que o lobo iria morrer, e quem disse que os livros não transmitem emoções? No final do livro fiquei tenso pensando que o lobo poderia morrer, ainda mais na parte final, no qual um bandido entra na fazenda e Caninos o ataca e o lobo leva um tiro, o bandido morre e o cachorro quase que leva o mesmo destino, mas depois ele se recupera e, com um triunfante vigor, ele se levanta e anda, capengando e às vezes caindo, mas andando, ele vê seus filhotes e todos o aplaudiram e o livro termina assim:

 

Encerramento do livro:

Palmas e gritos dos deuses aplaudiram a cena. Caninos mostrou-se um tanto surpreso, e olhou para a assistência com olhos interrogativos. Sua fraqueza fez-se sentir de novo e caiu de banda, olhando para a coisinha viva novamente. Os outros filhotes vieram reunir-se àquele, para grande aborrecimento de Colie, toda ela ciúmes, e Caninos gravemente permitiu que a ninhada trepasse em cima dele e brincasse sobre sua pele. E ali ficou, a antiga fera, como tapete vivo sobre o qual coisinhas vivas brincavam. Seus olhos pacientes semicerraram-se e Caninos entrou em cochilo.

 

Fiquei com terror enorme com que o lobo morresse no último parágrafo, me senti um idiota por isso, mas sei que não sou o único a sentir isso, afinal, literatura com certeza é arte e arte emociona.

 

Caninos brancos é um dos melhores livros que já li, mostra como sempre o amor vencerá o ódio, Caninos com o levar da vida se torna um lobo frio, sem vida, apenas ansioso para matar algum ser vivo, o jeito com que Scott o trata é fantástico, o lobo que nunca brincou na vida, nunca riu, nunca latiu e que só sabia rosnar e arreganhar seus grandes caninos brancos, agora estava deixando criaturinhas subirem em cima dele. Uma das passagens que mais gostei foi essa: “[…] Seu senhor riu-se mais ainda e ele aumentou a pose de dignidade. Por fim mudou e, quando o amo ria-se, Caninos passou a imita-lo. Sua boca abria-se levemente, seus lábios se repuxavam, com o conjunto facial desenhando uma expressão nova. É que também aprendera a rir.” Lembrando que Caninos também odiava o riso. Vou sempre me lembrar desse livro, que talvez seja o último (ou um dos últimos) que vou ler esse ano.

 

Parágrafo favorito:

O Wild odeia o movimento. Para ele a vida constitui ofensa porque vida é movimento. O Wild destrói todo o movimento, imobilizando tudo. Congela a água para impedi-la de correr rumo ao oceano: espreme a seiva das árvores até exauri-las; e, com maior ferocidade ainda, encarniça-se contra o homem para força-lo à submissão – o homem, esse entezinho inquieto e sempre em estado de revolta contra a imobilidade.

Jack London – O Autor

Jack London

Nasceu em 1876, em São Francisco. Começou a escrever para fugir da vida de operário de fábrica. Teve muitas ocupações, como apanhador de ostras clandestinas na baía de São Francisco, marinheiro, além de procurar ouro na região de Klondike, no Alasca. Frequentou a universidade por apenas seis meses, pois a considerou um lugar pouco vivo e sem paixão. Suas obras foram inspiradas em sua larga experiência de vida e em suas aventuras, como uma travessia pelo Pacífico em um barco a vela e viagens pelo mundo. London teve uma extraordinária disciplina em seu trabalho, escrevendo mil palavras por dia durante 16 anos, o que lhe rendeu cerca de 50 livros publicados e centenas de contos e artigos. Dos romances mais famosos de London destacam-se O Grito da Selva, de 1903, O Lobo do Mar, de 1904, e Caninos Brancos, de 1906. Suas obras foram traduzidas em várias línguas e continuam as ser lidas em todo o mundo.

Ficha do Livro

Título Caninos brancos
Autor Jack London
Tradução Monteiro Lobato
Ilustrações Orlando Pedroso
Título Original White fang
Editora IBEP
Páginas 216

Vinte mil léguas submarinas

Viajando sob o mar a bordo do Nautilus.

Vinte mil léguas submarinas é um livro escrito pelo talentoso Júlio Verne, a história conta outra aventura do professor de história natural Pierre Aronnax. Ele, seu criado Conseil, o arpoador canadense irritado Ned Land e o misterioso capitão Nemo viajaram o planeta inteiro numa jornada cheia de perigos e descobertas.

O livro é dividido em duas partes, e em 47 capítulos, são vinte e quatro na primeira parte e vinte e três na segunda, todos os capítulos são curtos e de fácil compreensão. São cerca de 230 páginas contando com biografia do autor, tradutor, ilustrador e notas do tradutor.

A história começa com aparições estranhas acontecendo na Europa e na América, todos ficam espantados com tantos acidentes e naufrágios, pensam que estão diante de um monstro. Até que uma expedição à procura da criatura leva o professor Aronnax e seu fiel criado Conseil até um navio a procura do tal monstro. Na viagem além dos dois rapazes vão o capitão (que só aparece no inicio da história), o arpoador Ned Land e a tripulação do Abraham Lincoln (o nome do navio que os leva a expedição).

O navio começa a expedição no Atlântico norte (em Nova Iorque) e dá uma volta inteira no continente americano e vai para as água do Pacífico, mas é no Pacifico norte, nas águas do Japão é que eles encontram “a criatura”.

Quando saíram para a expedição à procura do tal monstro, o professor Aronnax pensava que o monstro se tratasse de um narval gigante. Mas logo todos perceberam que não era um narval gigante, pois atiraram um arpão e ele não entrou, jogaram uma bola de canhão e ela rolava pela superfície da criatura. Até que a criatura se irritou, balançou as águas (e consequentemente o navio) e derrubou o professor no mar. Mas ele não foi sozinho, junto com ele seu criado também foi e o arpoador canadense.

Agarraram na criatura, enquanto o navio Abraham Lincoln ia desaparecendo no horizonte e deixando o arpoador, o professor e seu criado. Quando tudo parecia perdido uma placa se abriu revelando uma escotilha, instantes depois oito rapazes com seus rostos cobertos puxaram os três para o interior da criatura numa velocidade impressionante!

Daí em diante o professor, o arpoador e o criado descobrem a criatura por dentro, que na verdade não é uma criatura e sim um submarino e tem nome, Nautilus. Descobrem que no Nautilus  há uma tripulação, um capitão e muita tecnologia para aquela época. O Nautilus foi construído por um homem chamado Nemo (o capitão do Nautilus), Nemo é um homem amargurado, misterioso, rico e inteligente, que construiu o Nautilus em segredo para viver distante da civilização, dedica sua vida a viajar o planeta inteiro a bordo do Nautilus e sua tripulação.

Mas havia um problema, o capitão Nemo nunca mais libertaria os três novos tripulantes, eles eram obrigados a viver no Nautilus para sempre, pois eles agora sabiam do segredo do capitão Nemo e poderiam contá-lo para a sociedade.

Eu vou adiantar um pouco mais as coisas, depois que eles sabem que são forçados a viver no Nautilus eternamente, o capitão Nemo, o professor Aronnax, seu criado Conseil e o arpoador Ned land vivem grandes aventuras a bordo Nautilus, mas são aventuras interessantes muito bem contadas, detalhe a detalhe, mas são muitas para que eu conte todas. Vou direto ao final.

Depois que o capitão Nemo avista um navio (que não se sabe sua nacionalidade nem por que o capitão Nemo o odeia), ordena a todos que afundem o navio, causando a morte de todos os tripulantes. Depois que ele faz isso, Aronnax fica com medo do capitão e quer sair do Nautilus, Ned Land e Conseil querem o mesmo (principalmente Ned Land que quis sair do Nautilus desde que entrou).

Até que uma coisa terrível acontece, quando estão próximos as costas da Noruega, um redemoinho leva o Nautilus (não se sabe se o Nautilus foi comandado voluntariamente ou involuntariamente até o redemoinho) e Aronnax, Ned Land e Conseil estão num compartimento do submarino que está um barco para eles escaparem, ao ver o redemoinho eles desistem e se agarram onde o barco está preso, mas a força do mar acaba desprendendo o barco do compartimento e os leva até o turbilhão!

Depois que isso acontece, Aronnax perde os sentido, mas pela manhã se vê numa ilha são e salvo junto com seus dois amigos. Não se sabe o que aconteceu com o Nautilus, com o Nemo e sua tripulação.

É com esse final misterioso que acaba a história, até hoje me pergunto, por que o capitão Nemo tinha ódio da sociedade, qual era a língua desconhecida que ele se comunicava com seus tripulantes (o capitão Nemo falava com seus companheiros, mas Aronnax, Ned Land e Conseil não entendiam) e o que aconteceu com eles depois do acidente.

Bem a história é muito bem contada, as aventuras, os detalhes físicos e comportamentais dos personagens, o submarino, mas alguns dos mistérios do livro não são revelados o que dá certa frustração, mas em geral o livro é muito bom, o que é mais incrível é o autor Júlio Verne, ele conseguiu a proeza de descrever um submarino, antes de ser inventado!

O livro é bom para todas as pessoas, crianças, jovens, adultos, idosos, ele atiça nossa imaginação ao máximo, nos fazendo imaginar coisas incríveis no fundo do mar, e a estrutura do submarino.

Júlio Verne – O Autor

Nasceu na França no dia 8 de fevereiro de 1828 e faleceu dia 24 de março de 1905, em Paris ele se formou em direito, mas escolheu ser escritor, conseguiu antever o submarino, equipamentos de mergulho, a televisão e outras coisas.  Algumas obras são destaques como: Viagem ao centro da Terra, Da Terra à Lua, Vinte mil léguas submarinas, A ilha misteriosa e a Volta ao mundo em 80 dias.

Ficha do Livro

Título Vinte mil léguas submarinas
Autor Júlio Verne
Tradução Walcyr Carrasco
Título Original Vingt mille lieues sous le mers
Editora FTD

Os gatos

Se você vir um gato com olhar metálico, fuja!

Os gatos foi um livro escrito pela autora francesa Marie-Hélène Delval, simplesmente um dos melhores livros que já li, a narração, o mistério, a criatividade, tudo foi excelentemente narrado pela autora.

Para aqueles que gostam de livros curtos, Os gatos é uma boa pedida, o livro não passa de 115 páginas, possui 13,5 de largura e 20,5 de comprimento, as letras são grandes e há mais de um centímetro de margem em cada folha. O livro contém cerca de 26 capítulos, contando com uma espécie de diário que Dado escreve. Mas cheguei a esse número contando capítulo por capítulo, pois no livro não há um sumário e no capítulo não a título, muito menos um número, em lugar disso a um imenso vazio.

Bem, a história começa com Tião (Sebastião), um garoto filho de pais órfãos, que conhece Dado (Damasceno) que o adota como avô, os dois têm um belo relacionamento. Tião está de férias, mas seus pais estão com dificuldades financeira e não podem leva-lo a praia ou acampar, mas Tião não se entristece, ele prefere ficar com Dado a ir a praia ou acampar.

Dado por outro lado se sente solitário (sua mulher e filha morreram fazia tempo), e se alegra sabendo que Tião virá todos os dias do verão em sua casa. Chegando lá, Tião observa um gato preto com um olhar metálico. Tião tem pressentimentos ruins contra o gato, mas não dá tanta importância, pois é um simples gato.

No dia seguinte Tião vai até a casa de Dado de bicicleta, mas a para repentinamente, no chão ele vê um pombo degolado, mas parece que só chuparam seu sangue, sem comer sua carne, Tião fica intrigado com aquilo achando que foi o gato. Quando chega lá, Tião vê dois gatos! No dia seguinte uma galinha morta é encontrada no galinheiro de Dado, ela estava com os mesmos sinais do pombo: degolada e parecia que só haviam chapado seu sangue. E no mesmo dia da galinha morta estavam três gatos.

O que era um pressentimento, agora era uma realidade. Nas noites seguintes, um coelho foi degolado, era um gigante de Flandres, um macho gordo marrom, Dado olhou para sua casa, agora eram quatro, Tião já sabia. Nos dias seguintes uma ovelha foi degolada, Tião pergunta a Dado quantos eram de manhã, Dado reconhece e diz que eram cinco!

Dado descobre o mistério dos gatos, na verdade eles são demônios, eles bebem o sangue de suas vítimas e se multiplicam. O plano é o seguinte: o sexto gato vem junto com os outros, bebem o sangue de Dado ou Tião chamam o sétimo gato e reencarnam um demônio. Mas felizmente Dado tem uma solução, um ritual para destruir de uma vez por todas os gatos e o demônio. Mas ele terá que dar sua vida.

Tião adoece, era o que Dado esperava, os gatos rodeiam a casa de Dado, ele sabe que eles irão chupar seu sangue para reencarnar o demônio de Astaroth, Dado começa a fazer o ritual sua casa pega fogo e ele e os seis gatos morrem.

Tião, como esperado, se entristece por completo, mas uma sensação de alegria e tristeza lhe toma a alma, sua mãe está grávida de um irmãozinho, ou irmãzinha (por isso a razão da dificuldade financeira). Tião se alegra, mas por outro lado, Dado nunca mais estará ao seu lado.

Os gatos foi um livro fora de série que li, o mistério dos gatos, a narrativa do lugar foram incríveis, realmente daria de presente para qualquer pessoa, menos aquelas que têm medo de histórias de demônio, apesar de que essa parte aparece somente no final do livro.

Ficha do Livro

Título Os gatos
Autor Marie-Hélène Delval
Tradução Danielle Goldstein
Título Original Les chats
Editora Melhoramentos

O livro da selva: as histórias de Mowgli

O clássico de filme Disney ainda é melhor.

O livro da selva foi um livro feito pelo autor indiano, Rudyard Kipling. E narra as histórias de Mowgli, muitas delas você já deve ter visto no filme.

Com as poucas mais de cem páginas, o livro é dividido em poucos capítulos, são seis, sem contar um capítulo sobre os autores. Os capítulos têm cerca de dez ou vinte páginas e é recheado de figuras grandes que ocupam uma página inteira e outras pequenas que ocupam algumas linhas.

Mowgli foi um menino criados por lobos, na língua local, Mowgli é uma espécie de sapo, isso porque Mowgli é liso como um sapo. Cada história de Mowgli tem um objetivo, na primeira história, você tem um reconhecimento da história, na segunda ele precisa matar Shere Khan, o tigre que quer mata-lo.

No quarto capítulo, que é a caçada de Kaa (a cobra), Mowgli conhece macacos que são chamados na história como “o povo sem lei”. Já no sexto capítulo Mowgli está na primavera (no livro, primavera é chamada de “Estação do Novo Assunto”). Mowgli se apaixona na primavera e vive com os homens.

Tudo que você leu até agora apareceu no filme, mas o quinto capítulo, vamos dizer que é “exclusivo”. O quinto capítulo é chamado de “Cão Vermelho”, onde Mowgli e toda a alcatéia travam uma luta violenta contra pequenos lobos que são chamados de cães vermelhos. A luta é violenta demais, talvez seja esse o motivo que a Disney não o colocou no filme. Mas não só isso que o livro tem e o filme não, vários personagens do livro, não aparecem no filme.

O livro é mais recomendado por jovens, mas esse é o seu ponto fraco, sua estrutura e história se identificam mais com o público infantil, mas alguns trechos talvez sejam fortes demais para crianças.

Rudyard Kipling – O Autor

O poeta, escritor, e jornalista Kipling, nasceu em Bombaim (hoje Mumbai), na Índia, em 1865, que naquele tempo pertencia ao império britânico. A experiência de crescer numa família inglesa num país colonizado, numa cidade habitada por muitos povos diferentes, marcou desde cedo sua aguçada percepção para as questões sociais. No entanto, sua ferrenha defesa do regime imperialista britânico foi – e é- bastante criticada. Escreveu seis romances, entre os quais se se destaca Kim e, ganhou o premio Nobel de literatura em 1907. Rudyard Kipling faleceu em 1936, em Londres, Reino Unido.

Ficha do Livro

Título O livro da selva: as histórias de Mowgli
Autor Rudyard Kipling
Tradução Bruno Berlendis
Ilustrações Gonzalo Cárcamo
Título Original The jungle book; The second jungle book
Editora Berlendis & Vertecchia Editores